quinta-feira, 30 de julho de 2009

À flor da pele


O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta os olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida nem nunca terá
O que não tem remédio nem nunca terá
O que não tem receita...
O que será que será,
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso nem nunca terá
O que não tem cansaço nem nunca terá,
O que não tem limite...
O que será que me dá,
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vem agitar
Que todos os ardores me vem atiçar
Que todos os suores me vem encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem governo nem nunca terá,
O que não tem juízo...

Coisas que nem sei contar

Um brinde às febres loucas e breves que mancham o silêncio e o cais...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A BOA

Um salve bem forte pra a Staline, minha querida afilhadinha postiça !! Aprovada no Vestibular de Publicidade - IPA, em 2º lugar na classificação do curso e em 7º na classificação geral da seleção.

Estamos eu e a comadre Sônia alardeando aos quatro cantos a boa nova, e "tri" orgulhosas da nossa "garota palorréia" (apelido posto por mim, com motivos bem genuínos e particulares)
Eu estou especialmente orgulhosa da guria..afinal, segue-se meu legado tão sofrido, suado e passivo de tantos preconceitos . A peleja é árdua , mas a colheita é gratificante, viu, Sta??

Quanto ao símbolo da profissão que você vai ver muuuito daqui pra a frente, olha pra esse galo e me diz se tu não conhece ele de algum lugar?

Isso mesmo coleguinha, o galo é o símbolo da publicidade.
Mas aí você me pergunta: Ué, porque? Porque o galo é o símbolo da publicidade?
E eu te responderei: O galo, ao acordar, faz barulho antes que todos os outros animais, bem cedo, bem cedo mesmo, para anunciar o dia. O seu canto indica anúncio.
Olha a dica: "anunciar o dia".Ó, viu? Tem a ver com a publicidade, anúncio.
Assim como o galo faz pela manhã, o publicitário tem que "cacarejar" as novidades ao mundo.
Ele também está presente no futebol: além do ZaGALO, é símbolo da Seleção Francesa de Futebol, do Clube Atlético Mineiro e do River Atlético Clube.

Na música: Ivete SanGALO.

Na religião: Missa do Galo.

Nas lendas: Galo de Barcelos é um símbolo nacional de Portugal

Agora segue o perfil do publicitário, descrito por um de nós:
Publicitário não come, degusta.

Publicitário não cheira, sente a fragrância.
Publicitário não toca, examina o design
Publicitário não dá a resposta, cria outra pergunta.
Publicitário não conquista, persuade.
Publicitário não tem destino, tem target.
Publicitário não ouve barulho, ouve ruído.
Publicitário não fala, envia mensagem verbal.
Publicitário não procura endereço, procura praça.
Publicitário não escuta, decodifica a mensagem.
Publicitário não tem idéia ,tem brainstorm.
Publicitário não recebe resposta, recebe feedback.
Publicitário não tem memória, tem repertório.
Publicitário não lê, decifra o código textual.
Publicitário não pergunta, faz pesquisa.
Publicitário não ouve música, ouve trilha sonora.
Publicitário não tem lista, tem mailing.
Publicitário não copia, se inspira.
Publicitário não dirige, faz test-drive.
Publicitário não falece, é seu ciclo de vida que chegou ao fim.

Parabéns, querida!! Saiba que estarei aqui sempre, pra o que der , vier e VENDER!!

O amor sob a ótica Marxista


Hoje, após muitas discussões e divagações, ainda pairavam em mim zilhões de interrogações acerca da real magnitude do amor.

Qual seria a diferença entre amor e paixão?
O que queremos dizer quando afirmamos que amamos alguém, ou que uma pessoa ama outra?
O amor é bom?

É ruim?

É eterno?

É passageiro?

O amor aprisiona?

O amor liberta?

O que ele propicia?

É o amor, por acaso, sinônimo de fascínio, ou de ternura, ou de erotismo?

É igual ao sentimento fraterno entre velhos amigos, entre irmãos, ao carinho entre pais e filhos, entre avós e netos?

Ou é a dedicação desinteressada que alguém manifesta em relação a uma pessoa desconhecida e necessitada?

É amor aquele arrebatamento que vemos entre os namorados?

Seria a atração irresistível entre dois (ou duas) homossexuais?

O sentimento que temos pelos nossos animais de estimação é amor?

Quando queremos bem a uma pessoa, de forma intensa, estamos amando?

Ou amor são todas essas coisas?

Ou, ainda, não é nada disso?

Querer estar sempre perto de alguém, querer dar e receber carinho, compartilhar sonhos, afetos, expectativas, esperanças, trocar coisas imateriais, repartir coisas materiais, será isso amar?

O amor pode, de fato, ser conhecido?

Ou pode, simplesmente, ser vivido?

Existiria, afinal, uma resposta?

Então, lá vou eu pra a pesquisa...
O certo é que muitas foram as tentativas, ao longo da história, para se responder a questão do amor. O poeta português Luís de Camões, que viveu no século XVI, afirmou que “o amor é um fogo que arde sem se ver;/ é ferida que dói e não se sente”, e ressaltou, assim, que o amor é um sentimento essencialmente contraditório, e que, composto dessa forma, o amor “com seus contrários se acrescenta”.

Goethe, escritor alemão do século XIX, deixou transparecer, em algumas de suas obras, que o amor é a forma mais radical de “ir ao outro”, de se reconhecer intimamente num ser humano diferente. Amar é, então, em certo sentido, negar a própria individualidade a fim de viver intensamente a aventura de mergulhar na alteridade e inserir-se ativamente no movimento da comunidade humana.

No século XX, Sigmund Freud, pai da psicanálise, lançou a concepção de que o amor, a despeito de suas manifestações mais requintadas e sublimes, possui sempre um substrato físico, corporal, libidinal. Recusar ver o quanto de sexualidade existe no amor é dispor-se a ignorar a animalidade que subsiste em nós, seres humanos.

Simone de Beauvoir, que viveu com o filósofo Jean-Paul Sartre uma relação amorosa que durou 51 anos, estabeleceu a distinção entre amores essenciais e amores contingentes. Pra ela, os dois tipos de amor são importantes. O amor essencial é aquele que une duas almas perpetuamente. É o amor que Simone tinha com Sartre. Os amores contingentes são os não duradouros. Este tipo de amor, Simone o teve com vários outros homens.

Marx desenvolveu também algumas reflexões a respeito desse difícil tema.o resultado de minhas pesquisas, transcrevo abaixo, no texto do advogado paraibano Fernando Eneas de Souza.

Como se sabe, Marx foi um critico radical do capitalismo. Uma das causas de sua repulsa a esse sistema se devia ao fato de que o modo de produção capitalista introduz uma profunda “alienação” na relação entre o trabalhador e o fruto de seu trabalho. As pessoas se exteriorizam nas suas produções, colocam na produção aquilo que de melhor há em si, sua inteligência, sua experiência, sua energia, sua criatividade, sua imaginação, seus afetos, sua paixão.

Entretanto, essas criações não retornam para os indivíduos, mas ganham uma relativa autonomia e compõem uma dinâmica que passa a se impor sobre e a organizar o processo social. Como se não bastasse, o sistema da propriedade privada ainda dá origem a um terrível “estranhamento” na relação dos homens uns com os outros.
Os homens se tornam estranhos entre si. Competem, tornam-se adversários, tornam-se algozes uns dos outros, o que faz com que sejam abalados os fundamentos da própria solidariedade humana.

Nesse sistema de relações sociais alienadas, os homens e mulheres desenvolvem certas idéias que são o contrário daquilo que deveriam, de fato, ser.

As pessoas acreditam que o homem rico é aquele que possui coisas, quando, na verdade, o homem que é “naturalmente” rico, segundo Marx é aquele que “sente com mais intensidade a necessidade interior de se realizar através de múltiplas manifestações vitais”.

Rico, então, não é aquele que possui mais coisas, mas aquele que realiza as suas muitas capacidades humanas. Rico é aquele que superou a fragmentação imposta pelo capitalismo, aquele que superou a alienação.

Ora, para atingir essa condição é que é se faz necessário o amor(Olha aí onde eu quis sempre chegar!!). Como diz Leandro Konder, para Marx, “o amor é uma ‘maneira universal’ que o ser humano tem de se apropriar do seu ser como ‘um homem total’, agindo e refletindo, sentindo e pensando, descobrindo-se, reconhecendo-se e inventando-se”. (KONDER, 2007, 21).

O amor, então, leva os homens e mulheres a se realizarem plenamente enquanto tais. Seres senhores de si, de suas vidas, de seus destinos, e não criaturas completamente absorvidas pela lógica cega da realização do Capital.

Para maiores detalhes sobre as concepções de Marx a respeito do amor, Fernando indica o texto “Marx: os revolucionários também amam”, de autoria de Leandro Konder, parte do livro Do amor (São Paulo: Boitempo, 2007).

segunda-feira, 27 de julho de 2009

CARNAVÁLIA



Vem pra minha ala

Que hoje a nossa escola vai desfilar

Vem fazer história

Que hoje é dia de glória nesse lugar

Vem comemorar

Escandalizar ninguém

Vem me namorar

Vou te namorar também

Vamos pra avenida

Desfilar a vida

Carnavalizar

Na Portela tem

Mocidade

Imperatriz

No Império tem

Uma Vila tão feliz

Beija-Flor vem ver

A porta-bandeira

Na Mangueira tem morena da Tradição

Sinto a batucada se aproximar

Estou ensaiado para te tocar

Repique tocou

O surdo escutou

E o meu “corasamborim”

Cuíca gemeu

Será que era eu

Quando ela passou por mim


VERMELHO


A cidade estranha para os dois.

O fantasma das sensações que a segue.

O tempo que distancia... Os dois.

Sem uma lógica e sem palavras sobre uma
chuva vermelha que os envolve.

Na mesma cidade, num caminho de desejo do sangue de ambos.

Das marcas dela no corpo dele.
Do corpo dele que a violenta com o desejo dela aberto a si.

O vermelho.

As mãos.
Os corpos que se devoram.
O desejo da cor da dor.
A vontade da cor da paixão.
Rasgam-se os limites dos sentidos.

Ao fluidos dela que ele bebe dos seus lábios…vermelhos…


O sonho...vermelho...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Violeiro

Encontrei ontem pedalando aqui pela orla o meu querido SP (Sérgio Passos).

Nossa eterna sintonia é tão massa, que em meia hora acho que conversamos sobre uns 15 assuntos!!Dentre eles, Serginho me contou que dentro de alguns dias deve estar “jogando pro povo” (lançando) um CD novo produzido pelo meu sempre amado Guilherme Arantes, chamado “Linha 8 soul" Está sendo gravado lá no Planeta Água em Jacuípe com participações dos pianos do próprio Guilherme, e mais uma turma bem interessante. Está no forno, quase saindo!!!!


SUCESSO , NEGÃO !!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Demorou!!

Soube hoje que já está sendo divulgado o lançamento do documentário "Hebert de perto", um longa que contará a trajetória do grande Hebert Viana.


Sempre me deu muito orgulho ter feito parte da geração "Eu uso óculos", e ter minha adolescência embalada pelas canções fantásticas e marcantes do Paralamas. O Hebert é uma figura que demonstrou grande exemplo de superação após o traumático acidente sofrido em 2001, onde ficou paraplégico e perdeu sua esposa, a jornalista inglesa Lucy Nedham. Tempos depois em uma árdua batalha pela recuperação ele voltou em alto estilo os palcos e ao sucesso.

Lembro perfeitamente de como fiquei emocionada em vêlo entrando no palco naquela cadeira de rodas, altivo e confiante. Manteiga líquida que sou, passei 60% do show chorando cântaros e berrando (não cantando) todas as músicas como se estivesse tendo a melhor visão de um verdadeiro milagre!! Passei todo o período da recuperação dele acompanhando de pertinho tudo o que a mídia divulgava e nunca perdí a fé de vê-lo de volta, e pude ver, maravilhada, naquela noite.

Herbert , tu és inspiração para muita gente, e sou tua fã ardorosa, sempre...Daquelas que ficam (parodiando o Guilherme arantes) "alí no gargarejo, soltando beijo".

É isso, todos ao cinema aprender com o Viana, o cara que Veio, Viveu, e Venceu!!

Licença literária é o carValho!!!



Tive hoje o imenso desprazer de assistir ao filme do Ron Howard ,baseado no best seller de Dan Brown, "Anjos e demônios". já havia prometido nem passar perto de filmes cujo livro houvesse gostado, visto que é inevitável a decepção. Desde as leituras gostosas da saga do bruxinho Harry Potter, e das consequentes decepções vividas ao assistir os respectivos filmes, eu já sabia que isso iria acontecer sempre...

Ninguém consegue ser fiel a historias detalhada e cuidadosamente descritas em livros bons, que nos fazem varar noites sem conseguir nos desgrudar os olhos e contar mentalmente quantas páginas faltam para o desfecho final. Eles acabam por fazer resumos resumidíssimos, saltam fases importantes da história, com o afã de repetir o sucesso de vendas dos livros na telona do cinema. Uma afronta às brigas homéricas que tenho com minha rotina corrida, que me reserva algumas poucas horinhas para a leitura a cada dia.

Na semana passada, a duras penas, consegui acabar de ler o livro. Mesmo chegando no dia seguinte ao trabalho com olheiras que chagavam quase à metade da bochecha, estava feliz. Simplesmente amei a história!!

E os amigos ainda avisaram: "Não vai ver o filme, por que acho que vais se decepcionar!! Lembra de quanto tempo você passou amaldiçoando o filme "O código Da Vincci"?? Não repete!!

Eu, teimosa que sou, gastei o meu intervalo de almoço inteirinho pra ver essa lambança na qual colocaram o pobrezinho do Tom Hanks, tadinho... As caras e bocas que ele fazia no filme me davam a impressão de ouvir o âmago do cara gritando: !"HEIN?? ONDE ESTOU??"


Paciência...Acho que aprendi a lição agora...Filme baseado em best seller, JAMÉ !!













segunda-feira, 6 de julho de 2009

A lenda do pégaso

Na mitologia grega, Pégaso era um cavalo com asas, filho de Poseidon, deus dos oceanos, e de Medusa, uma das terríveis górgonas (monstros com asas de ouro, cabelos de serpentes e dentes de javali).
Diz a lenda que o cavalo saiu do corpo de Medusa quando a monstra foi decapitada pelo herói Perseu (cruzes, que história!)
Pégaso está ligado às tempestades, à água, e é ele quem traz o trovão e os raios. É também o símbolo da criatividade do espírito, dos poetas e da imaginação.
O herói Belerofonte capturou o cavalo enquanto ele bebia água de um poço. Para isso, usou um bridão de ouro, presente da deusa Atena (a capital da Grécia se chama Atenas em homenagem a essa deusa!).
Foi montado em Pégaso que Belerofonte conseguiu matar o horrível monstro Quimera. Mas, quando o herói tentou montar o cavalo de novo, ele corcoveou, atirou Belerofonte longe e subiu para os céus, onde virou uma constelação.

Ouvindo a canção do jorge Mautner ,onde Moraes Moreira canta divinamente essa lenda , estive pensando em quantos pégasos andam por aí, achando que mataram monstros, com seus dentes de javali e seus cabelos de serpentes, e vivem sonhando em ser o que realmente não são... São ,isso sim, verdadeiras hodes à fantasia desmedida, com doses 'cavalares' de criatividade...

Era uma vez, vejam vocês, um passarinho feio
Que não sabia o que era, nem de onde veio
Então vivia, vivia a sonhar em ser o que não era
Voando, voando com as asas, asas da quimera
Sonhava ser uma gaivota porque ela é linda e todo mundo nota
E naquela de pretensão queria ser um gavião
E quando estava feliz, feliz, ser a misteriosa perdiz
E vejam, então, que vergonha quando quis ser a sagrada cegonha
E com a vontade esparsa sonhava ser uma linda garça
E num instante de desengano queria apenas ser um tucano
E foi aquele, aquele ti-ti-ti quando quis ser um colibri
Por isso lhe pisaram o calo e aí então cantou de galo
Sonhava com a casa de barro, a do joão-de-barro, e ficava triste
Tão triste assim como tu, querendo ser o sinistro urubu
E quando queria causar estorvo então imitava o sombrio corvo
E até hoje ainda se discute se é mesmo verdade que virou abutre
E quando já estava querendo aquela paz dos sabiás
Cansado de viver na sombra, voar, revoar feito a linda pomba
E ao sentir a falta de um grande carinho então cantava feito um canarinho
E assim o passarinho feio quis ser até pombo-correio
Aí então Deus chegou e disse: Pegue as mágoas
Pegue as mágoas e apague-as, tenha o orgulho das águias
Deus disse ainda: é tudo azul, e o passarinho feio
Virou o cavalo voador, esse tal de Pégaso